
Era uma vez uma menina, daquelas bonitas, bonecas de trapos de gargalhadas e abraços.
Sempre que estava sol, naqueles dias quentes, doces e lentos, ela sorria. Andava por aí desiquilibrada, saltava nas passadeiras e corria atrás das pombas.
Um dia uma estrela prendeu se a uma pestana e recusou-se a sair, sim porque já não era a primeira coisa bonita a prender-se a ela (os opostos não se atraem), por vezes tinha
3 borboletas no cabelo, 5 flores no vestido e 7 beijinhos nas bochechas e no nariz e brilhava. Mas todos se iam embora, prendiam-se a outro ser bonito, ou voltavam para casa quando ficava frio. Mas aquela estrelinha não. Prendeu-se a ela, sempre que ela piscava os olhos (e era muitas vezes) a estrelinha ficava mais forte e brilhava muito. Brilhava tanto que iluminava o caminho da menina...e continuou a iluminar até ao fim daquela rua, sabem? aquela... que sobe (e também desce mas é mais triste), tem o chão de paralelos e candeeiros de luz amarela.
don't try too fool your heart...you'll end up breaking it.
(e depois o stock de fita cola acaba e depois? viramos seres azuis, transparentes.)
nunca esperes pelo sol...
Descrição (aquele monstro tremendo, enorme, com o super poder de adormecer qualquer um! - nunca percebi porquê):
Naquele jardim, tudo era no minimo aceitável. Há coisas bonitas, feias e aceitáveis, pois bem, naquele jardim, era tudo aceitável. Os bancos, vermelhos de madeira, muito gastos (principalmente por velhinhos, crianças e namorados. os adultos, que não se encaixam em nenhuma destas categorias, fogem dos bancos, mas disfarçam para ninguém ver), as árvores todas diferentes (pelo menos aos meus olhos de "não perita em árvores"), muito grandes e frescas (sim frescas, húmidas, verdes), a relva apetitosa (não me tomem por ruminante, simplesmente gosto de relva, não a como, mas queria), aceitável para andar descalça, os pássaros, aceitáveis.
As pessoas, poucas, aceitáveis também. As flores, bonitas, mas todas iguais e arrumadas (para isso temos os cereias e as bolachas nos supermercados), logo aceitáveis. A fonte era totalmente hipnotisante, sim, era. Tiraram-na desde que uma senhora muito inchada e respeitada (ou seja, uma daquelas pessoas feias que as outras pessoas respeitam para não ter que ouvir) caiu lá dentro com a sua mala castanha com bordados (esses muito menos que aceitáveis) a beije, e com a sua écharpe violeta. Claro que toda a gente culpou a fonte, que no ultimo instante se mexeu. Até houve testemunhas oculares que viram a malvada da fonte a rir baixinho após o triste acontecimento. E pronto, assim se diz adeus a uma fonte bonita, daquelas que cantam e mudam bruscamente de humor.
No lugar da fonte construiram uma estátua, aceitável, em homenagem a uma pessoa (deduzo eu) importante e provavelmente respeitada, em cobre ferrugento e adorado pelas pombas, essas pouco aceitáveis.
As grades do jardim, são verdes e tristes, bonitas no meu ver, pobrezinhas. E por fim os candeeiros. Esses ficaram para o fim, porque só funcionam à noite, quando já quase ninguém entra no jardim com medo do escuro. Os candeeiros, à noite, óbvio, são bonitos. Para mim os candeeiros de rua devem ter sido inventados por alguém respeitado sim, mas admirado, para mim, são pirilampos urbanos.
E pronto. (doeu?)
(na foto está a menina da história, encontrei-a numa loja de sapatos, daquelas muito cheias e barulhentas, não resisti. sim, fui eu que tirei a foto.)